sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

as vésperas

o engraçado de fazer backup de fotografias no último dia do ano é suscitar uma série de reflexões.
e a memória vira uma barrinha em que o tempo aproximado para acabar é 14 minutos.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

batata-frita

final de ano é inevitável que a família se reúna. toda vez que vou para a casa de meus pais na periferia, é sempre uma descoberta numerosa de coisas que acabo esquecendo, por frequentar apenas os mesmos lugares com as mesmas pessoas.

aconteceu ontem, quando saía do trem o episódio da batata-frita. já tinha reparado que uma das barraquinhas exibia o Frites, igual ao do Mcdonalds. garoando, continuei andando até que vi um sinal: a moça da frente parou. resolvi também parar. ela pediu um batata grande para o rapaz que terminava de escrever uma mensagem no celular. ele sorriu, ela também. ela disse que hoje iria avacalhar, porque trabalhar na última semana do ano com nenhum movimento de público, só trazia brigas entre os próprios colegas, era sacanagem. servindo as batatas em um pote de isopor, o rapaz dizia que nada melhor que uma batatinha nesse dia chuvoso.
- catchup, maionese, molho barbecue, queijo ralado?
- pode colocar tudo, moço! hoje vou enfiar o pé na jaca!
depois, saiu. feliz com seu pote grande.

pedi uma batata média. e ao dar a primeira mordida, eis que a batata titubeia e cai na minha blusa, no pulso e enfim, o fim inevitável chão. olhei para a frente, uma mulher encarava as minhas batatas. lancei um olhar irritado e continuei a palitar o pote. chegando no ponto de ônibus, alguns homens chegavam com milho. mas foram mais umas quatro, cinco mulheres que vi chegar com o isopor de batata, carregada em seus molhos coloridos. e ao chegarem era como se compartilhassem a frustração no tamanho do pote de batata. e eu pensei que as batatinhas eram o símbolo daquela semana em que, além de trabalhar, ainda era preciso pegar o trem lotado depois do incêndio da favela do moinho. talvez, ao vencedor as batatas, fizesse sentido depois de passar por todo aquele dia de 28 de dezembro de 2011.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

segunda.

grandes mudanças.
*
e o gosto de melancolia ainda não se dissipou na boca.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

precisa de. silêncio.

ando falando demais.

[recordações em um pote de picles]

*

feliz em descobrir que apenas a criação favorece o dissipar da melancolia.

sábado, 19 de novembro de 2011



remexendo a grande gaveta do vazio. encontrando indícios de outros e outras, convertidos tal como essa linha, em um rio inconstante de memória.
ou
foi um rio que passou em minha vida.

sábado, 12 de novembro de 2011

A pequena morte

"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."

[O livro dos abraços, Eduardo Galeano]

domingo, 6 de novembro de 2011

recordar:

do latim re-cordis tornar a passar pelo coração.

[Galeano, você ainda me mata]

carta a um passado não esquecido

quando uma lembrança desencadeia outra, no meio da madrugada, choro ou chuva.

me lembro que há um pouco menos de um ano, estávamos sentados naquele bar. era aniversário de uma amiga e falávamos sobre a falsidade ideológica na fotografia. o banheiro iluminado, nos perdemos antes de chegar.

lembro do blazer bege e do cheiro ao você me abraçar quando cheguei ao aeroporto. carregava gérberas amarelas, pela falta de girassóis, minhas pernas tremeram. chovia.

e do dormir e acordar. cada dia em um lugar.

dos tantos jantares improvisados.

dança e nat king cole em seu aniversário. estrelas no meu.

para onde vão esses momentos?
tenho preenchido os dias com a poesia e o discurso alheio.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

para ler: a alma encantadora das ruas

"o guia suspende a cortina e nós entramos numa sala quadrada, em que cerca de dez chins, reclinados em esteirinhas diante das lâmpadas acesas, se narcotizam com o veneno das dormideiras. A cena é de um lúgubre exotismo. os chins estão inteiramente nus, as lâmpadas estrelam a escuridão de olhos sangrentos, das paredes pendem pedaços de ganga [tecido de algodão] rubra com sentenças filosóficas rabiscadas a nanquim"

João do Rio (1881-1921)

sábado, 22 de outubro de 2011

não há metafisica que sustente-se

em um momento de descanso de ler los ejercicios del ver, sentada, vejo em uma parte do meu hemisfério ocular certo movimento próximo ao teto. coloco os óculos, e para o meu terror, esse ser, enorme, encontra-se mexendo as antenas. estático parece estar observando meus movimentos. movo-me apressada para um canto, na esperança que ele permaneça sua imobilidade. ainda olhando para cima, tento lembrar aonde deixei o inseticida que agora parece ser minha esperança. mas, vassoura ou inseticida? queria poder chamar alguém para evitar o conflito, tercerizar o terror de imaginá-lo voando pelo teto (ou pior, em minha direção) ou adentrando as gavetas com inúmeros apetrechos que poderiam favorecer sua fuga.
preciso dos dois, vassoura e inseticida, mas isso não é possível estando só. chamo minha mãe, que por sorte, está essa noite em casa. ainda sonolenta, ela avista a mancha amarronzada que encontra-se no mesmo lugar do teto. elaboramos rapidamente um plano. corro para o lado, fecho todas as gavetas, recolho as roupas próximas, e, depois de um centésimo de segundos hesitantes, pressiono a válvula do spray. com os jorros mortais, ele corre para um lado, até que cai em direção a porta. o inseticida é insistente e com a pressão, empurra-o para o chão, aonde o golpe mortal é desferido diversas vezes por uma vassoura. ele, produtor então de todo terror, esparrama-se com seus pedaços mutilados, agora inertes para sempre.

e por mais engraçado que tudo pode parecer agora, o sentimento no momento era de terror. por que algo tão pequeno é passível de provocar tanto medo? sua imprevisibilidade nos movimentos, o nojo de sua origem ou o fato de algo herdado culturalmente? se não fosse por isso, talvez A Paixão Segundo G.H não teria sido escrita por Clarice. não é a toa que a personagem defronta-se com uma barata.

"Só parei na minha fúria quando compreendi com surpresa que estava desfazendo tudo o que laboriosamente havia feito quando compreendi que estava me renegando. E que, ai de mim, - eu não estava à altura senão de minha própria vida."

A Paixão Segundo GH / Clarice Lispector.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

sonhos

ando sonhando muito. cada vez mais, eles deixam a forma de símbolos e se tornam mais diretos. hoje, pela manhã, lembrei-me o que aquela figura, com o mesmo nome de D. dizia. acabou, e eu teria que seguir em frente em uma nova terra, em um outro lugar.

sábado, 15 de outubro de 2011

Saint-Exupéry

"Creio que ele se aproveitou de
uma migração de pássaros
selvagens para evadir-se"

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

de Madadayo, Kurosawa-san:

"Gostaria de lhes dizer para encontrar alguma coisa de que realmente gostem. Encontrem algo que sejam capazes de amar de verdade. E quando encontrarem, lutem com todas as forças que tiverem, pelo seu tesouro. E assim vocês terão o tesouro pelo qual lutaram. E irão adquirir o hábito de abraçar as coisas de coração. Este é o verdadeiro tesouro.

domingo, 9 de outubro de 2011

de 2006

Acredite-me, quando essa brincadeira estiver cansada do riso.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

3 de outubro

e agora me diz o que eu faço. quando um telefone desmorona o pequeno castelo feito de sonhos passados, e nada, mas nada, faz mais sentido.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

tout un pan de moi

Épuisés mes nerfs mon coeur mes yeux mes artères
où puiser de l'air sous terre ou sous la mer.

[je t'aime follement louise attack.]

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

2009-2011

queria que terminasse logo. que viesse a recusa, e que eu pudesse retornar aos livros, filmes sem a preocupação de se analisei tudo corretamente. mas, o engraçado de tudo, é que é nessas horas eu percebi como antes eu era livre. e quando a gente fica assim, assim, a toa na vida, acontece de você não perceber que, nesse meio tempo, passou-se dois anos.

domingo, 11 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

mudança

as vezes a gente se engana pensando que um telefone pode mudar o curso da vida.

domingo, 4 de setembro de 2011

terça-feira, 30 de agosto de 2011

poética

agora compreendo um pouco mais sobre a fascinação.
- da pouca luz que irradia as lanternas ligadas ao longo da noite pela casa. pelo vaguear silencioso enquanto todos dormem, e a mente, desperta, caminha como se fosse pelo labirinto irrestrito da memória.
- o negro, que no primeiro instante, tudo contém, mas que revela os objetos ao longo do tempo e o costume dos olhos fora da luminosidade gritante do dia.
- a luz amarelada das fotos, a necessidade de aquecer, tal como tungstênio, banhar os corpos com sua quentura.

e só percebo isso longe e perto de casa. quando permite-se deixar a mente vaguear livremente.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ainda insiste.

um tipo de nódoa modorrenta que fica entalada na garganta. já faz dois dias, e ela permanece lá, um engodo para sabotar a suposta felicidade de uma nova fase
*
chamou, ninguém atendeu. da ansiedade do evento que iria ocorrer no dia, ainda achou que haveria a confirmação de seu amor. que tão aos poucos ia morrendo. até ficar reduzido na lembrança de um estudo amarelo (o único fato concreto, desde então)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

novos vizinhos para expandir os ares.

sábado, 6 de agosto de 2011

os solitários serão sempre solitários.

por que insistir em algo que acabou?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

para D.

sonho bizarro, ultra violento. multilações, sangue e muita dor. quando a transferência para o mundo onírico é mais ou tão real quanto a realidade. transformando em ações a dor psicológica do fim.

domingo, 17 de julho de 2011

Waiting A Poem by Faith Wilding

Waiting . . .
waiting . . .
waiting . . .
Waiting for someone to come in
Waiting for someone to hold me
Waiting for someone to feed me
Waiting for someone to change my diaper
Waiting . . .
Waiting to scrawl, to walk, waiting to talk
Waiting to be cuddled
Waiting for someone to take me outside
Waiting for someone to play with me
Waiting for someone to take me outside
Waiting for someone to read to me, dress me, tie my shoes
Waiting for Mommy to brush my hair
Waiting for her to curl my hair
Waiting to wear my frilly dress
Waiting to be a pretty girl
Waiting to grow up
Waiting . . .
Waiting for my breasts to develop
Waiting to wear a bra
Waiting to menstruate
Waiting to read forbidden books
Waiting to stop being clumsy
Waiting to have a good figure
Waiting for my first date
Waiting to have a boyfriend
Waiting to go to a party, to be asked to dance, to dance close
Waiting to be beautiful
Waiting for the secret
Waiting for life to begin
Waiting…
Waiting to be somebody
Waiting to wear makeup
Waiting for my pimples to go away
Waiting to wear lipstick, to wear high heels and stockings
Waiting to get dressed up, to shave my legs
Waiting to be pretty
Waiting . . .
Waiting for him to notice me, to call me
Waiting for him to ask me out
Waiting for him to pay attention to me
Waiting for him to fall in love with me
Waiting for him to kiss me, touch me, touch my breasts
Waiting for him to pass my house
Waiting for him to tell me I’m beautiful
Waiting for him to ask me to go steady
Waiting to neck, to make out, waiting to go all the way
Waiting to smoke, to drink, to stay out late
Waiting to be a woman
Waiting . . .
Waiting for my great love
Waiting for the perfect man
Waiting for Mr. Right
Waiting . . .
Waiting to get married
Waiting for my wedding day
Waiting for my wedding night
Waiting for sex
Waiting for him to make the first move
Waiting for him to excite me
Waiting for him to give me pleasure
Waiting for him to give me an orgasm Waiting . . .
Waiting for him to come home, to fill my time…
Waiting . . .
Waiting for my baby to come
Waiting for my belly to swell
Waiting for my breasts to fill with milk
Waiting to feel my baby move
Waiting for my legs to stop swelling
Waiting for the first contractions
Waiting for the contractions to end
Waiting for the head to emerge
Waiting for the first scream, the afterbirth
Waiting to hold my baby
Waiting for my baby to suck my milk
Waiting for my baby to stop crying
Waiting for my baby to sleep through the night
Waiting for my breasts to dry up
Waiting to get my figure back, for the stretch marks to go away
Waiting for some time to myself
Waiting to be beautiful again
Waiting for my child to go to school
Waiting for life to begin again
Waiting . . .
Waiting for my children to come home from school
Waiting for them to grow up, to leave home
Waiting to be myself
Waiting for excitement
Waiting for him to tell me something interesting, to ask me how I feel…
Waiting for him to stop being crabby, reach for my hand, kiss me good morning
Waiting for fulfillment
Waiting for the children to marry
Waiting for something to happen Waiting . . .
Waiting to lose weight
Waiting for the first gray hair
Waiting for menopause
Waiting to grow wise
Waiting . . .
Waiting for my body to break down, to get ugly
Waiting for my flesh to sag
Waiting for my breasts to shrivel up
Waiting for a visit from my children, for letters
Waiting for my friends to die
Waiting for my husband to die
Waiting . . .
Waiting to get sick
Waiting for things to get better
Waiting for winter to end
Waiting for the mirror to tell me that I’m old
Waiting for a good bowel movement
Waiting for the pain to go away
Waiting for the struggle to end
Waiting for release
Waiting for morning
Waiting for the end of the day
Waiting for sleep
Waiting…

domingo, 10 de julho de 2011

para aqueles que amam passarinho. ou meu último adeus.

sábado, 9 de julho de 2011

triste, muito triste.

é muito triste perder alguém amado. amor cultivado aos poucos, aos dias juntos ao sol, ao companheirismo que se dá sem pedir nada.
hoje perdi meu passarinho. que me acordava todos os dias pela manhã, quando ouvia minha voz. só sei que o vi a noite, bem, e hoje meu pai me diz que hoje estava caído na gaiola. de súbito, morte súbita e desconhecida, aparentemente.
cansaço e um choro intermitente. eles deveriam ser proibidos de morrer. assim, de forma inesperada. e caio novamente no choro ao pensar que ainda era criança, mal sabia cantar. as bochechas estavam começando a ganhar cor. e pensar na rotina de todos os dias. meu filho-passarinho, xexéu.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

abandono.

sábado, 11 de junho de 2011

porque eu o amo pelo seu esquecimento por mim.
*
e sinto, nesse momento, esperança na humanidade.

domingo, 5 de junho de 2011

o problema do carteiro chinês



nestas imagens
quando apertei o botão do obturador
correram lágrimas dos meus olhos
eu, o garoto sem terra natal
finalmente vi minha saudade.
é...

de fato, nada muda.

para L.

quando se permanece um tempo sozinha, diante todo falatório e informação da vida cotidiana, algumas percepções parecem mais claras no momento de voltar e ver-se novamente no mundo. as amizades que ficam, as que passam. os pensamentos corriqueiros unidos com os de caráter mais profundo. o desejo de ser e tudo aquilo que carrega-se. tudo misturado nesse caos presente e tão fugidio, que escorre e se perde nos meandros da memória (até aparecer uma situação semelhante em que possa ser despertado).
é engraçado perceber, depois de curto isolamento, que tudo fica mais brilhante. as pessoas mais reais. a vida, um pouco menos embaçada.
e pensando no espetáculo de minha amada amiga, pensava que além de meu amor por ela, sempre no nosso encontro saímos transformadas. uma troca justa. permitida por ambas. e que precisa de um longo distanciamento do tempo para termos sentido.
porque as pessoas que saem além dos números e das perguntas sem interesses, são mais que pessoas e tornam-se trocas e realmente podem mudar a vida.
*
e minha admiração só cresce mais e mais. pela sua força e fragilidade. é muito bom estar ao seu lado.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Banho espiral

No hemisfério meridional de nosso planeta
existe uma espécie de ave migratória mais ou menos ordinária
que se propaga tão rapidamente
que apenas um artifício da natureza
nos protege do mais horroroso pesadelo.
Todo ano elas escurecem o céu sobre o oeste da Africa
onde se reúnem para sua viagem
sobre o oceano atlântico.
Apenas um décimo delas chega na América do Sul,
noventa por cento sucumbe, esgotadas
no meio do mar
onde os cientistas acreditam
que milhões de anos atrás
a grande massa de terra se dividiu
em dois continentes separados
Os pássaros começam a circular freneticamente
buscando ali seu pouso, onde
ele já não existe mais
seu instinto mantendo-se o mesmo por milhões de anos
guiando-os para sua morte por exaustão
Apenas os mais insensíveis chegam às costas austrais.


Rebecca Horn, 1979.

A Invenção de Morel

"I have been here before,
But when or how I cannot tell:
I know the grass beyond the door,
The sweet keen smell,
The sighing sound, the lights around the shore..."

Dante Gabriel Rossetti

sábado, 14 de maio de 2011

ephémère

deixar para lá. assim, como palavras ao vento.
o iníciodofim.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

destino.

e quando a senhora, que já sabia seu destino se aproximou, perguntou-lhe qual caminho iria seguir:
o primeiro era composto de uma afirmação, e como consequência, a espera de toda uma vida.
o segundo era feito de dúvida, mas com uma possível afirmação no caminho. um risco maior, mas com maiores possibilidades de felicidade.
e nenhum deles era perfeito. nenhum seria como ela disse.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011

rilke

"o verão há de vir. mas virá
só para os pacientes.
que aguardam
num grande silêncio
corajoso,
como se diante deles estivesse
a eternidade"

segunda-feira, 11 de abril de 2011

retorno.

as despedidas deveriam ser únicas. porque quando repetem-se, dói demais.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

galícia.

o nome dela era josefa. e ficou gravado na minha mente como fotografia de antigamente, a luz que atravessava o celeiro, enquanto as ovelhas corriam em circulo. a roupa preta e os cabelos brancos cortados por um brinco vermelho nas orelhas.
*
uma semana e já está ficando difícil a despedida.

terça-feira, 29 de março de 2011

outono no brasil.
aqui, horário de verao comeca, mas a primavera tarda.

*

nao sao muitos os escritos. mas agora, um pouco mais sao as vivencias.
talvez daqui vinte anos consiga escrever sobre o agora.

quarta-feira, 9 de março de 2011

páginas brancas
insistem
no esquecimento

terça-feira, 8 de março de 2011

3...2...1.

quarta-feira, 2 de março de 2011

9 dias

frio na barriga. viagem se aproximando. aproxima-se também o tempo antes que parecia tão longe.
um pouco de medo e tanta coisa para ainda preparar.
adiando planos e projetos. repete comigo: féeeeerias, féeeerias!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

chuva.

engole o choro.
diz adeus.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

amor

que isso me faça lembrar: nada é eterno.
(ainda bem)
*
que as memórias sejam passadas para o plano do esquecimento. e que seu espírito esteja livre, sem mágoas.

solidários suicidas.

as vezes, em minha casa, sou invadida por insetos. voadores, caem do céu, enormes, reclamando sua existência e insistindo em algo próximo ao suicídio.
acho que sentem o cheiro. de revolta, de algo selvagem no espírito. e querem estar perto a fazer companhia.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

perigo.
há menos tempo que lugar
não obstante
há lugares que duram um minuto
e para certo tempo não há lugar.

benedetti.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

último haicai

Terra natal
lugar para morrer
Waremoko

Ah, o frio
sobre meu túmulo bate
o som da chuva.

Mansaku Itami.

à espera do tempo

uma tigela de leite quente
e uma torrada com manteiga cheirando bem
ah, vejo-os até em sonhos!
esposa, não ria
da pequenez desse desejo.
filhos, não riam
da mesquinhez desse desejo.

mansaku itami.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

El poeta miraba tanto al cielo que le salió una nube en un ojo.

Gómez de la Serna. Greguerías

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

a fragilidade do instante.
tempo para ação.


estarei momentaneamente aqui:
retramado
e aqui
flickr

domingo, 16 de janeiro de 2011

poema sujo

   
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
   
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
                       
Seu nome seu nome era...       

Perdeu-se na carne fria
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia
perdeu-se na profusão das coisas acontecidas                        
constelações de alfabeto
noites escritas a giz
pastilhas de aniversário
domingos de futebol
enterros corsos comícios
roleta bilhar baralho

mudou de cara e cabelos
mudou de olhos e risos
mudou de casa
e de tempo:

mas está comigo está
perdido comigo
teu nome
em alguma gaveta

revisitando ferreira gullar.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

trampolim

das decisões que precisam ser tomadas, e que, por falta de definição, ou de conhecimento, caem em um túnel, onde é difícil resgatá-las posteriormente. porque tudo são decisões. a escolha pela arte, por um tipo de literatura, por determinada língua estrangeira. e quanto mais o tempo passa, mais difícil torna-se pular de um outro trampolim. arriscar-se por algo que não tenha nada de concreto, apenas sua primeira fascinação.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

top 2010

livros:

- barthes por barthes
- kafka a beira-mar
- clarice,

descobertas:

- jacques prévert
- verlaine
- cortázar

e não consigo lembrar de nenhum filme que tenha me marcado profundamente. lembro de hanami, mas esse foi 2009.