final de ano é inevitável que a família se reúna. toda vez que vou para a casa de meus pais na periferia, é sempre uma descoberta numerosa de coisas que acabo esquecendo, por frequentar apenas os mesmos lugares com as mesmas pessoas.
aconteceu ontem, quando saía do trem o episódio da batata-frita. já tinha reparado que uma das barraquinhas exibia o Frites, igual ao do Mcdonalds. garoando, continuei andando até que vi um sinal: a moça da frente parou. resolvi também parar. ela pediu um batata grande para o rapaz que terminava de escrever uma mensagem no celular. ele sorriu, ela também. ela disse que hoje iria avacalhar, porque trabalhar na última semana do ano com nenhum movimento de público, só trazia brigas entre os próprios colegas, era sacanagem. servindo as batatas em um pote de isopor, o rapaz dizia que nada melhor que uma batatinha nesse dia chuvoso.
- catchup, maionese, molho barbecue, queijo ralado?
- pode colocar tudo, moço! hoje vou enfiar o pé na jaca!
depois, saiu. feliz com seu pote grande.
pedi uma batata média. e ao dar a primeira mordida, eis que a batata titubeia e cai na minha blusa, no pulso e enfim, o fim inevitável chão. olhei para a frente, uma mulher encarava as minhas batatas. lancei um olhar irritado e continuei a palitar o pote. chegando no ponto de ônibus, alguns homens chegavam com milho. mas foram mais umas quatro, cinco mulheres que vi chegar com o isopor de batata, carregada em seus molhos coloridos. e ao chegarem era como se compartilhassem a frustração no tamanho do pote de batata. e eu pensei que as batatinhas eram o símbolo daquela semana em que, além de trabalhar, ainda era preciso pegar o trem lotado depois do incêndio da favela do moinho. talvez, ao vencedor as batatas, fizesse sentido depois de passar por todo aquele dia de 28 de dezembro de 2011.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário