quarta-feira, 28 de maio de 2014

R. (II)

já posso sentir saudade?

do olhar de soslaio da janela do seu quarto.
os copos na varanda, preenchidos com a chuva do dia seguinte.
a música carregada de outros tempos.
toque. delicado.

I.

tentar cultivar meu amor por I.
e seguir minha vida independente dela.

ela não sabe, mas. já existe um muro que não permite a transparência da fala e das emoções. eu sabia, mas fingi esquecer.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

retirar para construir - a síntese final

lembro vagamente agora sobre como aprendi sobre a cor branca na faculdade. como era inserir essa cor, tão neutra, mas que potencializa outras cores e tonalidades. acho que assimilei somente a ideia quando vi uma obra de Lucian Freud em minha frente. eram camadas e tonalidades para dar aquela forte impressão de carne, la chair. (meu espanto no Pompidou levou semanas)
*
acontece de agora de tentar entender como acontece o princípio da "retirada da matéria". M. fazia isso muito bem. construía quadros inteiros de superfície de grafite para depois retirar, traçar pela ausência.
estou naquele momento da pesquisa em que meses inteiros são deslocados para um arquivo morto. minha esperança é que, em algum momento da minha vida, eles voltem a fazer sentido. ou, que, no dia D. não seja inquirida por eles.

terça-feira, 6 de maio de 2014

poéticas do arquivo

"Uma utilização do arquivo faz da montagem, da colocação em relação do passado com o presente, um puro encontro de heterogêneos sem troca, outro que faz desses encontros uma versão consensual, onde os arquivos se dão como explicação acabada do presente. Penso então em uma poética do arquivo. Esta poética do arquivo recupera textos, imagens e nomes históricos e os conecta com novos eventos e outras imagens, sem pretender a totalidade do evento primeiro. O arquivo não é uma parada em um momento histórico, mas uma abertura para suas qualidades combinatórias, criativas – da história e das imagens. Como se os eventos não pudessem ser jogados fora, devendo-se guardar a virtualidade de algo que foi no passado, uma virtualidade do discurso, uma força criadora que surge dos próprios homens e que corre o risco de ser apagada como um todo. Guarda-se a potência de transformação do presente do acontecimento que transborda o tempo em que foi produzido."

Cezar Migliorin.
aqui

sexta-feira, 2 de maio de 2014

R.

gosto da penumbra pela manhã.
e por perguntar se ainda procuro desertos.