terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

escritos de amor entre artistas

"O sol nasce no oriente. O cordão umbilical do dia é queimado a incenso e pólvora.

O que ela quer ninguém sabe. Nem mesmo ela saberia dizê-lo. Isso às vezes a faz sofrer, às vezes a liberta. Dizer de seu desejo, justificar suas intenções.
(...)
Em Hume, o conhecimento é adquirido através do hábito e da observação – a percepção diária do movimento do sol durante o ano pela projeção da sombra de um arbusto no parapeito da janela. Mas e se fossemos um pouco alem do mero conhecimento objetivo e começássemos a observar apenas as linhas e as formas das coisas? E se nos habituássemos a olhar o mundo de uma forma ausente de objetividade porém plena de expressividade? E se começássemos a adquirir o hábito de nos esquecermos diariamente de nós mesmos e de passarmos a existir como rastro e resíduo junto às migalhas de pão, às pétalas secas, no encalço de formigas?
(...)
Tarde da noite ela fala de pequenas mortes. Ela fala de pequenas mortes ao mesmo tempo em que adormece. Um dia morre com ela levando seus rastros para os sonhos. Isso às vezes a faz sofrer, às vezes a liberta."

Cao Guimarães, em 1997, para Rivane Neuenschwander

domingo, 16 de fevereiro de 2014

organismo vivo


águas que revolvem pensamentos.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

rua Carlos Weber, 184.


ali era a fábrica da Tranquillo Giannini, lugar que se construía instrumentos em uma época em que a Rua Carlos Weber era só indústrias e fábricas. pela caminhada de hoje, pensei no lugar como um grande galpão, espaço dedicado a arte contemporânea. foi o relâmpago de um sonho, transformar o abandonado em algo próximo daquilo que vi muito em Berlim. está perto da estação de trem. viria muito gente para ver o que se está produzindo em toda emergencialidade brasileira. talvez um dia. eu vi que das ruínas brotaram algumas árvores. ou árvores que brotam pedras.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

bonito.

"Seu canto preferido
da cidade
era naquele bar
naquela cadeira
daquela mesa
convertida em cavalete
onde se punha
a perseguir o silêncio
com as mãos"

aqui

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

unknown

eu queria sentir o seu cheiro.
ainda sem nome, então, desconhecido.
também sem forma, não tátil.