domingo, 31 de outubro de 2010

25

hoje é meu aniversário.
igual a todas as outras pessoas, passo o dia refletindo o que foi feito nos anos anteriores. no ano passado, passei a virada saindo do trabalho, indo para um samba com amigos. estava no carro quando eles repentinamente começaram a cantar parabéns. tive um lampejo de alegria. eu era querida.
nos anos passados não foram tão bons. sempre criava muita expectativa, e o que acabava era quase sempre em surpresas desagradáveis.

esse ano eu passei a virada em um ensaio geral para a gravação do curta. dia cheio, com boas notícias políticas. quando olho ao longo de 2010, embora ainda não tenha acabado, vejo quanta coisa passou, um imenso mar de experiências que ainda reverberam.

uma amiga querida disse que, por mais que não pareça, em determinados momentos difíceis, o importante é estar em movimento. parece que não, mas sim. esse movimento existe e só lá para frente é que algo vai aparecer. silenciosamente.

e por mais besta que possa aparecer, promessas. paro de fumar e vou começo a usar filtro solar.

sábado, 30 de outubro de 2010

gosto quando escrevem meu nome com acento.

// para uma das listas:
dormir enquanto chove lá fora.

sábado, 23 de outubro de 2010

agora é tempo de alcachofra!

retramar

braços e costas doloridos. um dedo esmagado pelo martelo, outro preso na madeira.
não tem prazer maior de estar produzindo algo com tanto carinho.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Además te quiero, y hace tiempo y frío.

Julio Cortázar

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

cheiro e surdez

ida: três homens entram no ônibus, um está com um desodorante que rasteja pelo ar. tirando algumas palavras soltas, não consigo entender o diálogo deles
na palestra: uma garota com um perfume impesteia a sala. ela fala comigo, meu nariz coça, eu pergunto o que ela disse.
volta: no ponto, uma senhora grita ao léu. fuma um cigarro que mistura com a fala. acho que era alguma coisa sobre uma égua.

sábado, 16 de outubro de 2010

desabafo

desde ontem parece que engoli uma bomba que está, aos poucos, deixando-me mais cada vez mais enjoada. a professora dizia sobre a relação entre arte e poder. no México, a lavagem de dinheiro do narcotráfico associado ao mercado de arte e suas especulações milionárias. e penso, como é forte a noção do artista-romântico (comigo, ao menos - não que não soubesse, mas há uma tendência a considerar isso além do mundo, como se isso não me pertencesse).
fiquei vagueando que toda essa estrutura absurda é baseada na simples idéia que os artistas (acho que os mais ingênuos) precisam se apegar a noção do artista romântico (provedor de sensibilidade para produzir algo além do seu tempo. incompreendido pela sociedade, ele fecha-se em seu casulo para atuar como antena da sociedade.), para alimentar essa "caixa preta" flusseriana, mecanismo secreto que poucos conhecem, e que baseiam suas escolhas pelo quanto de influência e poder é possível transmitir. então, dentro de toda a maquinária, a Arte produzida pelos artistas em todo seu contexto histórico não é nada mais que a seleção de uma minoria que escolhe uma ou outra pessoa para defender seus interesses econômicos (novamente, ignorei Greenberg, Pollock...) e sociais.
e lendo arte, privilégio e distinção (sobre a formação do nosso "modernismo" brasileiro) só confirmam esse coeficiente de artisticidade que mais parece com a síndrome de vira-lata que senti na cidade luz.
*
nessas horas me dá vontade de ir estudar direito.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

da chuva e seu cheiro

chove bastante na madrugada de sexta para sábado. voltando para casa, com o capuz, preocupada com o livro antigo. quando lembrei que tinha colocado o livro em um saco plástico e não tinha razão para eu tapar a cabeça. tirando o capuz, senti o cheiro de chuva, ouvi o som que batia nas calhas e que aumenta consideravelmente cada pingo. o caminho vazio, as luzes dos postes que iam passando junto com a água que caía e caía e não cansava de cair. pensei em blade runner, pensei em macondo, pensei que se nunca parasse de chover, iria ser muito triste viver.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

email à meu pai

nas aulas pela manhã, sou só devaneios. é tanta coisa que quero fazer, que se minhas idéias se concretizassem naquele momento, eu devorava o mundo. o problema é sair da aula, quebrar a bolha do encantamento e da aprendizagem e voltar para casa, perdendo a vontade ao longo da quilometragem. hoje fiquei lembrando o que eu escrevi para meu pai quando eu disse que não ia prestar esse ano o mestrado, sobre o cotidiano nas leituras e o prazer que o conhecimento traz. e falando da professora pensando que "ela não passou metade da sua vida na árdua e solitária tarefa de estudar porque isso lhe dá dinheiro, mas poder dialogar com os mestres de todo pensamento. entender um pouco mais essa sôfrega existência, e poder oferecer para o conhecimento humano algo imaterial, mas ainda assim mais concreto que perpetuar os genes para outra geração.".
*
e fiz uma lista de tudo aquilo que quero. tentar disciplinar-me. quando crescer quero ser igual a todos aqueles que admiro.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

de um curta saindo do forno! eba!

- Desculpe, mas não sei porque estranha razão acabo de me dar conta de que a caligrafia de seu rosto tem exatamente a minha letra.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

passei alguns dias deitada. lendo, levantando-me esporadicamente. o vento como maior companhia. há pouco dias coloquei cortinas. quanto o vento batia, e recuava, ele se materializava pelas cortinas. virou uma garganta, um estômago, um organismo vivo, que ainda assim, acariciava suavemente meu rosto.
*
melhor que tudo, estar em mim.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ponte

pegar o nome. fazer dele travessia.
como pequenos tocos de madeira, ao qual coloco flutuante no mar, para ir caminhando além das ondas.

a metáfora do xeque-mate.

há alguns anos, uma pessoa que se apaixonou por mim disse que eu tinha o enorme defeito de me por em xeque-mate em todas as situações em que sentia dificuldade (facilmente identificada com o uso demasiado da palavra crise).
depois de tanto tempo, entendo que "estar em xeque-mate" é não ver, visualizar nenhum caminho. e eu me colocar, não o meu oponente. é, na vida como no xadrez. ensaiar as mesmas regras, jogadas. para tentar, mesmo com outro adversário, tentar pela teimosia de achar que essa estratégia é suficientemente boa para não tentar outras.

visualizando o caminho torto e compreendendo os erros, ainda é possível mudar, ou o fim do jogo é iminente?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

os dias andam turbulentos. as vezes com uma perversidade reinante. aconteceu de hoje, ao sair da aula, o vento mostrou-se, como a concretização interna de algo um pouco dolorida. levava folhas, empurrava para o mesmo lado o caule da árvores. e eu acabei por ficar imóvel diante essa tempestade. o vento, deslocamento de ar, empurrava-me para algum lugar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

daqui

a ansiedade é tanta.
comecei um novo caderno. ele se chama caderno de desejos.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

parte I

faz tempo que quero escrever sobre os (pseudo) personagens que encontro nas vias ordinárias, e que tão comumente se transformam, em grandes amigos. de copo, de conversa, de solidões compartilhadas.

srta I.
a conheci quando compartilhava a vida com seu companheiro tão convencido de si mesmo. aos poucos virou confidente, porque ouvia minhas lamentações com o desejo de também compartilhá-las. aconteceu de uma quarta-feira, que, de repente, se tornou igual a tantas outras amigas perdidas na noite. no desejo de ser louca, de viver intensamente, caiu na armadilha bovariana de se entregar a qualquer um, no simples desejo de entender e viver uma vida ditada dentro de uma nova sexualidade desconhecida. perdeu seu mistério, trocou seu nome, mantivendo apenas o desejo de sair sozinha quando o sol já tardava. procurando diversões diversas ao contato de seu namorado. porque a literatura e o cinema, incendias os desejos da jovem que tem por anseio, tão loucamente, de viver uma personagem diferente de si mesma. e nesse desejo se perdem em si, sentem a dor, mas ao mesmo tempo algo tão esperado, desejado por ser alterno de um senso comum. é pela dor e pelo desespero que se formam a individualidade. e também pelas felicidades encontrada sozinha, na manhã, ao fechar o trinco da casa que nunca viu, enquanto todos dormem.
mal sabe ela que, ao longo do tempo, a descoberta torna-se ferida. e no triste destino, Mme. Bovary se perdeu junto com Anne Karenina no mesmo tempo das mulheres sábias e solitárias.

pela passagem

ainda gosto tanto desse vídeo
retirado daqui:
Você já parou para se perguntar o que seus gestos dizem sobre o seu estado de espírito?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

fim.

delicado

domingo, 3 de outubro de 2010

mãos a obra!



depois de tantos desvios, enfim, começa!

sábado, 2 de outubro de 2010

crime e castigo

essa semana estou algo próxima de raskolnikov.
só que o personagem se transformou em verborragia, e nisso vou me inebriando para afogar esse instinto.