sexta-feira, 31 de maio de 2013

salvation

When the little one came
A hole was blown open
A partial surrendering in the midst of knowing
And for an instance the constant heart shed its own tears
Wave upon wave carried me over
Beyond the peripheries of hope and fear
Deadening the voice of relentless biography
I stood at the center and danced at the extremities
Mapping the city as subtle as silence
Then on, outwards, into the darkness

When the crazy one came
She placed her finger on my forehead
And pushed on through

I woke up, face on fire
Spitting out diamonds
Thoroughly lost to logic
Craving her madness

quinta-feira, 23 de maio de 2013

reflexões da janela

olhar para a janela e descobrir a garoa que cai, tão silenciosa.
um instante e ela já sumiu.junto, o silêncio.
*
tenho três árvores a frente. a de galhos secos e tentáculos é a que eu mais gosto. parecem pequenas mãozinhas que vão em direção ao céu. a cor parece pedra, com detalhes de ferrugem verde. é a árvore que os passarinhos param para descansar.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Especies de Espacios

3
Escribo: vivo en mi hoja de papel, la cerco, la recorro.
Suscito espacios en blanco, espacios (saltos en el sentido: discontinuidades, pasajes, transiciones).

5
Así comienza el espacio, solamente con palabras, con signos trazados sobre la página blanca. Describir el espacio: nombrarlo, trazarlo, como los dibujantes de portulanos que saturaban las costas con nombres de puertos, nombres de cabos, nombres de caletas, hasta que la tierra sólo se separaba del mar por una cinta de texto continua. El alef, ese lugar borgesiano en que el mundo entero es simultáneamente visible, acaso no es un alfabeto?

[Georges Perec]

morte das casas

uma goteira em um teto seco de outono.
lembrei que casas também choram.
*
[lembrei]
Morte das casas de Ouro Preto, de Carlos Drummond de Andrade:
“Sobre o tempo, sobre a taipa, a chuva escorre. As paredes que viram morrer os homens, que viram fugir o ouro, que viram finar-se o reino, que viram, reviram, viram, já não vêem. Também morrem.”

domingo, 19 de maio de 2013

elipse

"No mar, tanta tormenta e tanto dano" Camões. * ele disse que meu problema é a elipse e não a redundância. ainda acho a supressão mais bonita, embora a academia não me permita, ainda.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

terça-feira, 14 de maio de 2013

fenomenologia

"o que tento lhe traduzir é mais misterioso, se enreda nas raízes mesmas do ser, na fonte impalpável das sensações" [J. Gasquet, Cézanne]

terça-feira, 7 de maio de 2013

mudança

tem muitos ecos aqui.
de bailes e festividades que passaram há muitas décadas.
os carregadores trazendo o novo vitral, para perto das escadarias com as passadeiras em vermelho.
também a sala de balé e a vitrola repetidamente staccato.
é uma mansão. mas também uma casa em ruínas.
a casa das coisas vividas.
os ralos cansaram de filtrar a água. qualquer movimento, transbordam pelos tons dourados do banheiro.
*
estou no quarto principal.
tem quatro ganchos no teto que não entendo para que serviram um dia.
hoje, enquanto vieram os "novos carregadores de vitrais", coloquei azulejos em volta da janela.
fico na torre a maior parte do tempo. tenho medo de olhar para o jardim e ver o quanto foi bonito o passado.
é a noite, com o silêncio e a escuridão, que a face mais sinistra do lugar aparece.