domingo, 16 de dezembro de 2012

tão esperada, Sofia

no dia em que Sofia nasceu, segui uma rodovia conhecida. porém, a continuação para chegar ao destino, desembocava em algo que eu não tinha nenhum conhecimento. * ainda não sei o que dizer: era uma quarta-feira extremamente quente. acabava de sair de uma reunião com o homem dos lábios ranzinzas, levemente arrasada. dor-de-cabeça do conhaque. * unhas, pés inchados. trânsito. madrugada vagarosa, arrastando suas patas por entre as salas do dia doze do doze de dois mil e doze. tantas cesárias idiotamente programadas. * ela é tão pequenina. e até o seu choro é doce. (embora eu diga que ela vire um maracujá azedo)

demasiado tarde.

e o fogo consumiu todas aquelas fotos e cartas e ilusões. tirou a cruz das costas que havia colocado pela própria vontade. o fogo resistia, mas a vontade de resumir tudo ao pó era extremamente forte. * ficou por muito tempo com a nódoa no peito.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Marcel Marceau

‎"Yo practico el mimodrama del silencio y sólo doy gritos de silencio, algo muy difícil de hacer en un mundo donde todos hablan como metralletas (...)"

sábado, 1 de dezembro de 2012

Huysman, a melancolia e seus lugares.

Pode-se dizer que Delphine é uma personagem apanhada no que Huysmans chamou melancolia. “A vítima da melancolia mantém com o espaço a mais dolorosa das relações. Ou lhe falta espaço, ou o espaço lhe sobeja. Tem horror à finitude dele, mas a sua infinitude aterroriza-a da mesma maneira. Daí a busca melancólica das viagens e das distâncias: ao desorientado, as viagens prometem um fim, aos cativos uma evasão.” Talvez seja por isso que, entre uma segunda-feira, 2 de Julho, e uma segunda-feira, 6 de Agosto, Delphine tanto procure nas viagens o que quer e não sabe o que é. Encontros extraordinários só tem três: ainda em Paris, no Museu Guimet, uma estátua antiga de um atleta nu. Uma amiga mete-se com ela: “Do que tu precisas, é de um homem assim: bonito e sujo”. Bonito e sujo? O segundo encontro extraordinário dá-se em Cherbourg. Num dos seus passeios erráticos, encontra, caída no chão, uma carta de Tarô. Volta-a e é a Dama de Espadas. Não é muito usual encontrarem-se cartas dessas caídas no meio do chão. aqui: http://focorevistadecinema.com.br/FOCO1/benard-raioverde.htm