sexta-feira, 24 de novembro de 2017

24 de novembro de 2017, 06:17: sobre a porosidade

faz um mês e cinco dias que parei de comer açúcar. não completamente, porque o açúcar está em todo lugar, em infinitésimas partículas em qualquer pão (parece que o único que não tem é o pão árabe).
sinto uma pequena dor de cabeça, mas ainda não sei o que de fato é consequência da abstinência pelo açúcar. mas acho que junto a essa pressão constante na cabeça vem uma outra questão: minha entrada esse ano em um mundo de trabalho business. hoje, enquanto não conseguia dormir, ficava pensando sobre as pessoas que encontrei durante o dia. como elas conseguiam chegar em casa e desligar da tomada, deixando para trás os rostos que apareciam em flash na minha memória? eu pensava em tudo, nas moças que trouxeram os lanches, o jeito e o rosto de alguém que entrava na porta, e, claro, tudo aquilo que falei e não deveria ter dito, ou como deveria ter dito algo que não disse. pensei primeiro na minha total inabilidade de me assentar na situação. o que foi seguido do pensamento de que meu corpo era todo poroso, já que ele absorveu tudo aquilo e a noite, quando colocava a cabeça no travesseiro, deixava escorrer para algum lugar tudo aquilo que foi gestos, pensamentos e hierarquias de comportamento. pensei assim, em voltar a escrever sobre os confrontos diários (será?). mal não faria e seria um resgate do blog que está nos últimos anos as moscas. (talvez seja bom, quer dizer que ando com menos conflitos. será?).
então, enquanto esquentava o leite de aveia para colocar na granola, pensei que já tinha experiência suficiente para não projetar uma imagem do que eu poderia ser naquele ambiente que, aparentemente, não era meu. entender que minha passagem é temporária, mas nem por isso com a intensidade menor de conflito. mas uma boa oportunidade para dissolver as tensões umbilicais da academia. um pouco mais de pé no chão diante não uma necessidade, mas uma escolha.
no meio de toda essa chuva interna de pensamentos, entrei no blog Karina Kuschnir. e lendo (e pertencendo) alguns posts, fiquei feliz em saber que esse lado gauche, tem a vantagem de sentir e nesse sentir um pertencimento sensível (subjetivo, a palavra anda meio gasta, mas não deixa de ser).