sábado, 19 de novembro de 2011



remexendo a grande gaveta do vazio. encontrando indícios de outros e outras, convertidos tal como essa linha, em um rio inconstante de memória.
ou
foi um rio que passou em minha vida.

sábado, 12 de novembro de 2011

A pequena morte

"Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce."

[O livro dos abraços, Eduardo Galeano]

domingo, 6 de novembro de 2011

recordar:

do latim re-cordis tornar a passar pelo coração.

[Galeano, você ainda me mata]

carta a um passado não esquecido

quando uma lembrança desencadeia outra, no meio da madrugada, choro ou chuva.

me lembro que há um pouco menos de um ano, estávamos sentados naquele bar. era aniversário de uma amiga e falávamos sobre a falsidade ideológica na fotografia. o banheiro iluminado, nos perdemos antes de chegar.

lembro do blazer bege e do cheiro ao você me abraçar quando cheguei ao aeroporto. carregava gérberas amarelas, pela falta de girassóis, minhas pernas tremeram. chovia.

e do dormir e acordar. cada dia em um lugar.

dos tantos jantares improvisados.

dança e nat king cole em seu aniversário. estrelas no meu.

para onde vão esses momentos?
tenho preenchido os dias com a poesia e o discurso alheio.