segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

segunda-feira

penso naquela mulher que caminha sozinha entre as ruas de negrume cintilante.
quantos homens amou. quantos irá amar.
na garoa fina que cai, o inevitável fim. da água que escorre céu abaixo, rompendo o ar, para tornar-se poça, estagnada em seu próprio repouso.
nas luzes dos postes, o amarelo que quer ser vermelho, deixando ainda mais escuras as silhuetas das árvores que perpassam seu caminho.
nas cartas que recebeu e que nunca abriu. por medo, ou por adiar certa felicidade.
a chuva engrossa, e os passos continuam. pés desnudos com um sapato que insiste em reclamar sua existência.
pensando nessa mulher, que ao chegar em casa, quer separar-se do cotidiano veloz que, inevitavelmente, acordará amanhã, mas agora sem a chuva para lhe acompanhar.

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