terça-feira, 5 de outubro de 2010

parte I

faz tempo que quero escrever sobre os (pseudo) personagens que encontro nas vias ordinárias, e que tão comumente se transformam, em grandes amigos. de copo, de conversa, de solidões compartilhadas.

srta I.
a conheci quando compartilhava a vida com seu companheiro tão convencido de si mesmo. aos poucos virou confidente, porque ouvia minhas lamentações com o desejo de também compartilhá-las. aconteceu de uma quarta-feira, que, de repente, se tornou igual a tantas outras amigas perdidas na noite. no desejo de ser louca, de viver intensamente, caiu na armadilha bovariana de se entregar a qualquer um, no simples desejo de entender e viver uma vida ditada dentro de uma nova sexualidade desconhecida. perdeu seu mistério, trocou seu nome, mantivendo apenas o desejo de sair sozinha quando o sol já tardava. procurando diversões diversas ao contato de seu namorado. porque a literatura e o cinema, incendias os desejos da jovem que tem por anseio, tão loucamente, de viver uma personagem diferente de si mesma. e nesse desejo se perdem em si, sentem a dor, mas ao mesmo tempo algo tão esperado, desejado por ser alterno de um senso comum. é pela dor e pelo desespero que se formam a individualidade. e também pelas felicidades encontrada sozinha, na manhã, ao fechar o trinco da casa que nunca viu, enquanto todos dormem.
mal sabe ela que, ao longo do tempo, a descoberta torna-se ferida. e no triste destino, Mme. Bovary se perdeu junto com Anne Karenina no mesmo tempo das mulheres sábias e solitárias.

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