quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

o exercício do diálogo

Portaria internacional

- Oi!

- Oi.

- Você é da onde?

- Por quê?

- Esses olhos, é italiana?

- Não.

- Japonesa?

- Não.

- São tão familiares. Você é da vizinhança?

- Não.

- Tem certeza?

- Aham.

- Já te vi. Você não vem sempre aqui?

- Não sou daqui.

- Sabia! Pelo andar, brasileira, não é?

- Aham.

- Isso foi um sim ou um não?

- Dali de perto.

- Ah, o Rio de Janeiro. Ele continua lindo?

- Não sei.

- Olha, eu não queria te dizer. Mas você tem olhos lindos.

- Obrigada, puxei do meu pai.

- Se são tão lindos quanto os seus, parabéns a ele. Ele deve ter um porte.

- Não tem.

- Se você se sentir a vontade, pode me falar sobre isso…

- A fila andou. Vai entrar?

- Vou, vim visitar meu irmão, roubo.

- Eu, meu pai.

- Seu pai?

- É, homicídio, 30 anos.

- Matou sua mãe?

- Não, meu namorado. Ele está vindo, quer conhecê-lo? Ele vai adorar seus olhos.

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