domingo, 14 de abril de 2013

sobre o cheiro e o rastro da chuva

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"- somente hoje, vou me apaixonar por você."
essa foi a fala do último encontro. fazia quatro meses que combinavam de se encontrarem sempre na mesma esquina, somente nos dias em que chovia na cidade S., próxima ao porto de C. começava o temporal e um certo sorriso hospedava-se no rosto dos dois. todos os encontros eram sempre em locais diferentes. apesar de serem diferentes, viam no outro, com uma espécie de fascinação, a alteridade e o desejo. mas aconteceu de ela dizer o seu nome, a mais ordinária das ações. e durante a noite, sussurrou quase como um segredo o quanto o amava. como se fosse possível controlar, o medo fez-se presente e dominou todo o quarteirão de um manto crescente de intimidade. nunca mais choveu na cidade de S., próxima ao porto de C. e a aridez e a solidão começaram a crescer novamente entre os cidadãos. aos poucos, voltaram as rachaduras e do solo, apenas a lembrança e o cheiro da chuva.

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