Uma ferramenta da revista Time calcula quanto tempo das nossas vidas já perdemos no Facebook. Minha conta, desde 2009, resultou em quase 20 dias. Quase um mês.
Eu não fiquei assustada porque sei que passo muito mais tempo por lá, em um tipo de procrastinaçao viciante. É como olhar para uma janela e ver o mundo em suas cores irreais, rosas e tons de pastel passarem em minha frente. Fulano casou, ciclano teve filho, outro cortou o cabelo e mudou a foto do perfil.
Mas uma coisa que ninguém fala, justamente por ser assustadora, é o porquê.
Arrisco o palpite que é muito triste nos depararmos diante nossa própria solitude (porque solidão virou tudo, menos o que deveria dizer). Eu posso ter um jantar incrível sozinha, mas gostaria de ter alguma companhia.
Mesmo que bem depois, quando já no processo da digestão. Para se sentir menos só, o processo: celular, foto, postagem, curtidas e comentários funcionam como um grande paleativo das nossas dores. E acho que esse sentimento vai além do sentido de aparecer. Não tanto mais o ter em vez do ser proclamado desde a modernidade.
Acho sim que estamos cada vez mais sós, a ponto de não sabermos mais como lidar. Diante o trabalho e a vida corrida cotidiana ocupadamente ocorre. Mas é na espera de um café, do elevador, de alguém chegar é que bate algo que é suprimido pela ação de puxar o celular a mão.
Meu pai chama o computador de "caixa de solidao". Para mim é um misto de tudo, porque a tecnologia é sempre o resultado que fazemos dela.
Vai saber se daqui um tempo, em uma geração definiva (se é que isso existe,- mas nada me tira a ideia que estamos em um período de transição de algo mais norteador), seremos conhecidos como "solitários não conscientes".
Diante tudo, resta acreditar que a vida deixe de ser potência e observação para se tornar vivida de modo mais pleno. Um pouco mais de coragem para dizer, e não tanto orgulho, para perguntar: hei, você quer jantar comigo?
quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
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