quinta-feira, 15 de abril de 2021
Giacometti por Sartre
"Giacometti nunca fala da eternidade, nunca pensa nela. Gostei do que ele me disse certo dia, a respeito das estátuas que acabara de destruir: "Eu estava satisfeito com elas mas eram feitas para durar só algumas horas."Algumas horas: como um alvorecer, como uma tristezam cini yna efemérida. E, de fato, seus personagens, por terem sido destinados a perecer na própria noite em que nasceram, são os únicos a conservar entre todas as esculturas que conheço, a graça inaudita de parecerem perecíveis. Jamais a matéria foi menos eterna, mais frágil, mais próxima de ser humana. A matéria de Giacometti, estranha farinha que pulveriza, enterra lentamente seu ateliie, introduz-se por baixo de suas unhas e nas rugas profundas de seu rosto, é poeira de espaço.
Mas o espaço, mesmo que nu, ainda assim é superabundância."
SARTE, Jean-Paul. Alberto Giacometti. São Paulo:Editora WMF Martins Fontes, 2012. p. 22
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