quarta-feira, 13 de março de 2013

o Louvre e a passagem

ir em algumas palestras em francês sempre me faz retomar alguns caminhos perdidos na memória. na aula inaugural do Dubois, ao dizer sobre o que a fila na entrada da pirâmide do Louvre indica, ansiedade, irritação, desejo de entrar no mundo da arte, fiquei lembrando das tantas tardes e noites que passava lá. eu entrava quando muita gente já estava indo embora. depois do detector de metais, os grandes corredores de consumo, o starbucks e os orientais com os celulares de última geração, flanando, só olhando pelas vitrines (instigar pelo visual, necessidade de tocar). mas era entrar, pegar meu passe-livre de estudante, escolher a ala e ir ao encontro de algumas preciosidades. Kosuth no porão do Louvre, Kiefer em vãos específicos, passando assim, despercebidos, como móveis velhos em um grande show room. era como só eu visse algo em um grande manto de invisibilidade. claro que isso é besteira, mas era inevitável o sentimento de tudo aquilo me pertencia, do que não era óbvio. pensei que então havia pego uma passagem para um mundo muito próprio, em que as caminhadas constantes, os deslumbres de encontrar estátuas gigantes do oriente ou verdadeiros templos egípcios remontados em toda a sua segurança. (e Dubois disse que as coisas que estão no museu não foram destinadas para estar lá. talvez sim, talvez não. da história os saques e o poder. do contemporâneo, lugares específicos). toda noite saía extremamente feliz, de ter entrado em um mundo que fazia esquecer do frio, da neve e da solidão.

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