domingo, 24 de junho de 2012
carta para o tempo.
querido Makoto,
como vai? estive nesse últimos meses tão próxima de escrever para você. mas me obriguei um prazo de cinco anos de absoluto silêncio. talvez esse tempo seja suficiente para que as mudanças sejam profundas e nenhum dos meus atos reverbere qualquer forma de lembrança ou nostalgia.
esse ano de 2012, serão dois anos de ruptura. faltam mais três.
queria dizer que agora o compreendo. ao menos, um pouco dos conflitos e o sentimento que era estar em botucatu. faz sete anos que estive lá com você, tanto tempo. a idéia de uma universidade longe, estar só, os convívios. minha situação agora é diferente, não estou na graduação, mas acho que entendo um pouco desse ir e voltar. assim como foi botucatu - arujá, arujá - são paulo. agora posso dizer, pela primeira vez, que vivo só.
o sentimento de vida dupla é inevitável. são paulo é meu lar, mas a competição, ambição, falta de valores me faz agora detestar. ainda não sei bem me posicionar, sei apenas que acho que tenho capacidade de estar um bom tempo só. isso me faz acreditar que posso morar em qualquer lugar do mundo.
essa semana forjei um sonho. viver um ano no japão. foi o tempo que você permaneceu. lugar longe o bastante para não ter esse conflito de voltar constantemente. é uma pena a crise estar tão forte, espero que depois do mestrado possa ir.
sei que você casou. será que tem filhos? das minhas memórias, lembro de você dizer, enquanto fazia pipoca com hondashi, que poderia se orgulhar disso para seu filho, que saberia fazer bem pipoca. será que ele vai gostar de hondashi?
tão estranho acessar essa memória. ao mesmo tempo, parece que nunca existiu, mas passamos cinco anos juntos. cinco anos é um tempo significativo, não? cinco anos de convivência, cinco anos de esquecimento. se o desejo for forte o suficiente, vou escrever quando estiver aos 30 anos. data tão assustadora.
estou lendo os emails antigos. é curioso. dá saudade de estar apaixonada. mas ao mesmo tempo é tudo sem sentido e levemente idiota.
dos rumos da sua vida, penso também se você seguiu os caminhos do seu pai.
eis uma carta para o tempo.
K.
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