quinta-feira, 31 de maio de 2012
conto da madrugada
aquela cidade continha um outro tipo de realidade noturna.
nas avenidas largas, pessoas caminhavam no forte sol pela tarde. a mulher do iogurte andava só pelas ruas, sempre com seu chapéu florido. os lençóis secavam em uma hora. nos bares, aposentados tomando cerveja, olhando o trânsito canino.
ao entardecer tudo mudava.
as cores se revestiam de um silêncio soturno. era como, recolhidas nas casas, dificilmente as pessoas se atrevessem a sair. os que arriscavam, corriam e eram responsáveis pelos riscos.
aconteceu de uma noite, ouvir alguém gritando. ininteligível. pensou talvez que, o homem que atacou e mordeu 80% do rosto do norte-americano estivesse voltado de algum lugar que não pertencesse. olhei da janela, sem camisa, caminhava e gritava como se rosnasse a um dono furioso.
ninguém ouviu, estavam todos dormindo.
não sabendo se era mesmo isso o que tinha presenciado, resolvi escrever esse pequeno testemunho, do homem que gritava sempre a mesma coisa e que caminhava pelas ruas como se fosse seu dono.
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