quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
a. arquivar
domingo, 22 de dezembro de 2013
2013
das vivências existiram desde o choque da decepção e o retorno àquele lugar escuro (na hora da zona morta, carinhosamente apelidada), até a busca por uma salvação constante. Muita ansiedade diante isso. Mudança para uma casa de ecos inspiradora e deprimente. o tkd como terapia e o forma encontrada para fortalecimento do corpo e do espírito.
um amor de porto em São Paulo. outro, estrangeiro. o entendimento que é sempre bom estar fora do lugar que habitamos. (assim me torno uma pessoa melhor, acho). ah, e claro, um amor em potencial ainda embrião.
e enfim, terminar (ou começar) em um lar temporariamente definitivo. fazer daqui, meio ao caos da urgência da sobrevivência uma casa para hospedar sonhos e desilusões. é difícil prever o futuro. dá um frio na barriga danado porque ano que vem será o ano da defesa e desconheço para onde os ventos me levarão. mas, a sensação de que as coisas começaram, de fato, agora, continua. como a tulipa que apareceu no sonho. avermelhando-se aos poucos junto a pequenas certezas. e o entendimento que tudo o mais que virá é construído aos poucos pelo dia-a-dia.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
o exercício do diálogo
- Oi!
- Oi.
- Você é da onde?
- Por quê?
- Esses olhos, é italiana?
- Não.
- Japonesa?
- Não.
- São tão familiares. Você é da vizinhança?
- Não.
- Tem certeza?
- Aham.
- Já te vi. Você não vem sempre aqui?
- Não sou daqui.
- Sabia! Pelo andar, brasileira, não é?
- Aham.
- Isso foi um sim ou um não?
- Dali de perto.
- Ah, o Rio de Janeiro. Ele continua lindo?
- Não sei.
- Olha, eu não queria te dizer. Mas você tem olhos lindos.
- Obrigada, puxei do meu pai.
- Se são tão lindos quanto os seus, parabéns a ele. Ele deve ter um porte.
- Não tem.
- Se você se sentir a vontade, pode me falar sobre isso…
- A fila andou. Vai entrar?
- Vou, vim visitar meu irmão, roubo.
- Eu, meu pai.
- Seu pai?
- É, homicídio, 30 anos.
- Matou sua mãe?
- Não, meu namorado. Ele está vindo, quer conhecê-lo? Ele vai adorar seus olhos.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
o exercício da tese
Van Gogh foi o escolhido para ser o protótipo do artista moderno. Nele, existe a ideia do incompreendido, sofrendo pela ignorância de tudo e de todos, despejando toda a imensa subjetividade do ser em pinturas para além do seu tempo. Reverbera assim na contemporaneidade, ainda, um tipo único de sujeito baseado nesse pensamento: o artista-romântico, ou na expressão de Artaud, um "suicidado pela sociedade", vanguarda do seu tempo.
A orelha amputada, símbolo máximo na utilização feroz do mercado, legitima a loucura e um tipo de pensamento para qualquer aspirante a artista. É interessante perpetuar a tese de que são os outros que não compreendem o que existe no "mais-alto-fundo-âmago-do-seu-ser". Nisso, todo um mercado de críticos, curadores, universidades e professores estão lá para apoiar e dizer que todos tem um alto coeficiente de criatividade e inovação. A criação não seria um simples jorro na imensa linha do tempo, no sentido de extrapolar o sentido de hereditariedade dos genes por meio dos filhos.
Talvez seja essa a razão do porquê os cursos livres de artes proliferem mais que baratas no verão. O mercado lucra, e muito, com toda a ignorância e síndrome de um romantismo tardio. Pois se houvesse um curso em que os professores, ao verem o desenho do aluno dissessem em alto e bom tom: Não passarão!, seriam muitos os que repensariam um curso de direito ou administração ora antes nunca navegados.
Não que a falta de talento seja inibidor para aquele que busque maior expressividade. Mas a herança herdada, (não racionalmente por Van Gogh, mas a todos outros que se beneficiam) ecoam para uma série de jovens artistas, esperando na fila alguém que vislumbre esse raio de sol.
Racionalidade e expressão caminham juntos na mesma muleta de alguém não apenas "gauche", mas também "droit". De um lado, a possibilidade de entender que a produção artística anda junto com um senso de autonomia. No outro pé, o trabalho duro, muito duro. O que rege o que irá ficar ou não para a posteridade independe do desejo do próprio artista. Não são todos que caem na fina malha do tempo, mas às vezes fatores de estar no lugar certo, na hora certa, também ajudam na grande corrida ao ouro.
Nem todos tem um irmão como Theo para assegurar um conforto e sobrevivência necessário para o grande tempo. Nem todos poderão ser o joguete de um dispositivo mercadológico. Mas, na melhor das hipóteses, sempre haverá enriquecimento de alguma parte que lucra com anseios e sonhos. E se for artístico, melhor ainda.
o exercício da autobiografia
Tê, Mindinha, Caxinha, Nariz; mas prefere mesmo quando escrevem o nome com acento.
gosta de cogumelos, tem alergia à camarão.
como tem problemas em escrever em 1o. pessoa, usa a 3o.
do ménage, prefere o duplo. é divorciada.
[um dia, teve um breve colapso e quis jogar-se da ponte. já era noite e quase não lembra como tudo aconteceu]
o pai é comunista, com família sírio-libanesa. a mãe, pedagoga de origem japonesa e silêncios mortais junto ao tlec-tlec do relógio. Já me chamaram de sushi com quibe.
tem Francisco Alvim como inspiração. mas o humor oscila entre o butô e o tropicalismo.
Girassol.
Evandro Carlos Jardim.
A meia noite no quarto de cima, o Cruzeiro do Sul.
diferente ou desnecessário.
CTH, 28 anos, escorpião com ascendente em peixes.
[nisso tudo, uma ou várias mentiras]
sábado, 7 de dezembro de 2013
a elegia como princípio estrutural
A tensão antitética que subjaz à poesia elegíaca advém da integração de diferentes momentos temporais num único espaço lírico. Quando o passado e o presente se encontram, como costuma acontecer na poesia elegíaca, o passado é retomado e situado no contexto do presente. A poesia elegíaca une o passado ao presente de modo a desnudar a ambos de suas funções específicas: "O passado é conjurado ao tempo presente de modo que forme uma antítese à nossa experiência momentânea. A descrição do momento presente perde seu caráter de experiência e torna-se algo mais universal"(WEISSENBERGER). Tal integração de instâncias temporais díspares - o passado e o presente - contribui para o efeito produzido pela elegia de aliviar a angústia provocada em nós pela morte e pela perda em geral. A elegia alcança este efeito mediante a justaposição de tristeza e alegria. Elegias contrastam o fim da vida com as memória de alegrias anteriores, e - diante da dor iminente - trazem à mente momentos mais idílicos.
[Os retratos cinematográficos de Sokurov. Eva Binder em Alexander Sokurov: poeta visual. p. 56-67]
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
1 mês
um grande caminho entre os ladrilhos chineses e as três torres, gigantes e irmãs.
nisso tudo, um cheiro de hortelã e um acordar alguns minutos antes.
trocar o vocabulário para o cansaço das palavras.
sábado, 30 de novembro de 2013
sobre o trabalho poético: o escuro
a densidade e o incrível silêncio das coisas mortas. (volto à camuflagem de Nuno).
imobilidade ou quase.
o não revelado.
o escuro também é imagem.
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
Georges Perec - Especies de Espacios
[retomando de volta o rumo]
domingo, 24 de novembro de 2013
A.
também toda desilusão e expectativa.
não que exista um renascimento, mas apenas um pequeno avanço nas ações que não podem ser esquecidas. essas sim, prioritárias.
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Colonia del Sacramento
posso dizer que uma parte de mim ficou em C. do S?
acordo com sensações de uma outra vida com E.
o que havia naquelas fachadas que me perseguiam desde Pelotas? era como se o sol que irradiasse por uma fachada, sem perspectiva, sem miolo, sem profundidade. somente o muro como uma separação para um grande vazio, morto.
o que houve na esquina daquelas duas ruas que me fez paralisar dessa maneira?
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Montevideo
é certo que, alguns lapsos nos assaltam em momentos inoportunos e você sente a materialização de um sentimento inexplicável. nunca vou esquecer do musico chines que tocava um instrumento de cordas no metro da Madeleine. um dia ele começou a cantar um tipo de canto que ainda hoje acredito que estava próximo de algo sobrenatural.
o entrecruzamento de espaços e tempos aliados com o estado de espirito atual também entorpece. no momento, ha somente um grande sentido de desorientação.
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
cartas sem remente
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
John Cage - De segunda a um ano
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
setembro
- visita de L.
- samba no banespa+bexiga 70
- don giovanni
- apresentação fflch
- passport+em trânsito de despedida
- gripe e bronquite
- mudanças físicas no corpo
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
aime la vie, tu seras invencible
lembrei do 'le dandy' do Barthes:
"L'usage forcené du paradoxe risque d'impliquer (ou tout simplement: implique) une position individualiste, et so l'on peut dire, une sorte de dandysme.
Cependant, quoique solitaire, le dandy n'est pas seul: S., étudiant lui-même, me dit - avec regret - que les étudiants sont individualistes; dans une situation historique donnée - de pessimisme et de rejet -, c'est toute la classe intellectuelle qui, si elle ne milite pas, est virtuellement dandy. (Est dandy celui qui n'a d'autre philosophie que viagère: le temps est le temps de ma vie)"
terça-feira, 24 de setembro de 2013
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
quinta-feira, meio-dia
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
das noites, das trocas
(pausa)
do dia anterior. noite na ucrânia, feliz pelo desenvolvimento na linguagem do vídeo de L. feliz também por ela me dizer o que suspeitava: a necessidade de procurar um outro suporte, além da imagem achatada e bonitamente digital. suspeita despertada com Kentridge. o desenho que se faz animação. 7 meses que são 7 minutos.
(pausa)
dia seguinte. a negação do lugar. dos braços que preferem estar expostos ao frio até os cabelos lisos e aloirados. umbicalidade em pegar o carro após tanto álcool. imprudência em um tipo de pensamento uniformizado.
por mais que reclame, o meio do pertencimento é ainda o meu habitat.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
El hacedor - Borges
terça-feira, 6 de agosto de 2013
- a densidade e o incrível silêncio das coisas mortas.
- imobilidade ou quase.
- nenhuma epifania, repouso.
Há uma camada de poeira que recobre as coisas, protegendo-as de nós. Polvilho escuro da fuligem, fragmentos de sal e de alga, toneladas de matérias em grãos que vão cruzando o oceano transformam-se em fiapos transparentes depositados pouco a pouco para preservar o que ficou embaixo.
sábado, 3 de agosto de 2013
sonho #3
aquele pequeno pássaro de animação, se transformava em uma figura alongada. como um personagem do Miyazaki que estava disfarçado com bigodes. ele percebeu a movimentação inquieta das pessoas e se transformou no sr. Moustache em sua bicicleta. saiu andando, olhando vagamente para trás. já longe, mudou a forma para um ponto brilhante com extrema rapidez. mergulhou comigo no meio do mar e deixou um presente para eu pegar entre caixas no fundo do oceano. estava com ele totalmente imersa, dentro do mar, quando abri as caixas adormecidas. descobri que foram deixadas pela minha mãe para que seus filhos resgatassem (o legado de sensibilidade que conversamos?). estava muito feliz porque iria ajudar a salvar alguém, com o objeto retirado das caixas e agora em minhas mãos.
ao subir para a superfície, era como se eu tivesse em uma piscina, águas escuras em uma grande caixa, quarto. quando mais eu tentava sair, mais as águas se tornavam revoltosas e não deixavam que eu saísse (organismo vivo?). pequenas movimentações se transformavam em ondas gigantes, aquela sensação de medo em ver a crista da onda se formando. senti que não conseguiria sair. depois de um momento tão sublime com as caixas no oceano, porque águas escuras tão violentas?
*
consegui sair, não sei como. minha irmã fazia a unha com uma mulher que eu nunca vi e minha mãe acho que costurava alguma coisa. a Cris aparecia aqui na minha casa, falando para tomar cuidado com a cândida que poderia carcomer os pés. a atmosfera era de um quadro de De Chirico, um por do sol amarelo-avermelhado rubro, uma densidade forte no ar.
domingo, 28 de julho de 2013
I would prefer not to
segunda-feira, 22 de julho de 2013
as migalhas - vinte e dois de julho
da passagem dos dias até certa finalidade
a inevitabilidade do dia chegar.
independente da percepção: o tempo comprimido, extenso
a criação como gesto contínuo, esforço diário para pequenas concretizações.
*
essa semana irá fazer dois meses: um de entendimento, outro de superação.
tudo será realizado dentro do mundo das imensas possibilidades.
sexta-feira, 12 de julho de 2013
C.
foram 4 casas em 7 meses:
a) perto do pico do jaraguá, as flores se tornaram dançantes águas-vivas.
b) em campinas, só o sofá e o vinho branco. indícios do calor e o vazio do apartamento.
c) depois da liberdade, tatuapé. não vale a pena lembrar.
d) clandestinidade próximo ao parque. pirilampos sussurraram durante a madrugada.
difícil esquecer C.
domingo, 7 de julho de 2013
ele canta
sábado, 29 de junho de 2013
hallellujah
quarta-feira, 26 de junho de 2013
segunda-feira, 24 de junho de 2013
vinte e cinco de junho.
a oleosidade da pele que se dissipa com a água quente
o primeiro líquido ainda é morno.
o som da chuva. o cheiro de cigarro e sabão em pó na lavanderia.
pensei em C.
lindíssimo.
é meu preferido diante todos daqui
sonho e pânico
*
no sonho, eu retornei ao lugar que não me lembro consciente. era escuro, fechado. quase senti o cheiro de infiltração na parede. estava agachada, me escondendo. abandono e desolamento.
antes que a imaginação começasse a traçar os caminhos. o retorno a um lugar somente acessado nesses delírios. lembrei das cartas no armário. lembrei do filme irreversível. um pesadelo, mas impregnado de sensações, porque você esteve lá. em algum momento as sensações retornam. tentar rememorar esse evento perdido, é quase um atestado para permitir o insano.
*
lembrar de acordar as inúmeras noites durante a madrugada. a última reunião foi realmente um trauma. por quê? e como isso atingiu essas proporções?
*
por que o esquecimento é o maior de todos os males?
sexta-feira, 21 de junho de 2013
goteiras (ou não)
reunião em torno da mesma matéria, agora gritavam para ser ouvidas. uma a uma. a queda que não se configurava como fim, mas continuidade. e intermitência.
fim de um sono tranquilo, da pequena morte dos dias.
um ruído para configurar a cadência do tempo.
domingo, 16 de junho de 2013
sapatos
espero que o calcanhar dos sapatos não se desgastem com tanta facilidade.
para que tanta força no caminhar?
sexta-feira, 14 de junho de 2013
batchan
quinta-feira, 13 de junho de 2013
quinta-feira
terça-feira, 11 de junho de 2013
lost, lost, lost
sábado, 1 de junho de 2013
clandestino
tinha no cheiro o exercício da escrita. perpasseava como uma cobra coral, pelos corpos das fêmeas, sempre descritos por alguns gemidos. não tinha como sair a bordo. ameaçaram-no jogar em alto mar. disseram que era clandestino. em vez do seu corpo, jogaram-o de um outro. desesperou-se e viu ir ao longe Elenik. o barco já não era mais sua esperança.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
salvation
A hole was blown open
A partial surrendering in the midst of knowing
And for an instance the constant heart shed its own tears
Wave upon wave carried me over
Beyond the peripheries of hope and fear
Deadening the voice of relentless biography
I stood at the center and danced at the extremities
Mapping the city as subtle as silence
Then on, outwards, into the darkness
When the crazy one came
She placed her finger on my forehead
And pushed on through
I woke up, face on fire
Spitting out diamonds
Thoroughly lost to logic
Craving her madness
quinta-feira, 23 de maio de 2013
reflexões da janela
um instante e ela já sumiu.junto, o silêncio.
*
tenho três árvores a frente. a de galhos secos e tentáculos é a que eu mais gosto. parecem pequenas mãozinhas que vão em direção ao céu. a cor parece pedra, com detalhes de ferrugem verde. é a árvore que os passarinhos param para descansar.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Especies de Espacios
Escribo: vivo en mi hoja de papel, la cerco, la recorro.
Suscito espacios en blanco, espacios (saltos en el sentido: discontinuidades, pasajes, transiciones).
5
Así comienza el espacio, solamente con palabras, con signos trazados sobre la página blanca. Describir el espacio: nombrarlo, trazarlo, como los dibujantes de portulanos que saturaban las costas con nombres de puertos, nombres de cabos, nombres de caletas, hasta que la tierra sólo se separaba del mar por una cinta de texto continua. El alef, ese lugar borgesiano en que el mundo entero es simultáneamente visible, acaso no es un alfabeto?
[Georges Perec]
morte das casas
lembrei que casas também choram.
*
[lembrei]
Morte das casas de Ouro Preto, de Carlos Drummond de Andrade:
“Sobre o tempo, sobre a taipa, a chuva escorre. As paredes que viram morrer os homens, que viram fugir o ouro, que viram finar-se o reino, que viram, reviram, viram, já não vêem. Também morrem.”
domingo, 19 de maio de 2013
elipse
quarta-feira, 15 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
fenomenologia
terça-feira, 7 de maio de 2013
mudança
de bailes e festividades que passaram há muitas décadas.
os carregadores trazendo o novo vitral, para perto das escadarias com as passadeiras em vermelho.
também a sala de balé e a vitrola repetidamente staccato.
é uma mansão. mas também uma casa em ruínas.
a casa das coisas vividas.
os ralos cansaram de filtrar a água. qualquer movimento, transbordam pelos tons dourados do banheiro.
*
estou no quarto principal.
tem quatro ganchos no teto que não entendo para que serviram um dia.
hoje, enquanto vieram os "novos carregadores de vitrais", coloquei azulejos em volta da janela.
fico na torre a maior parte do tempo. tenho medo de olhar para o jardim e ver o quanto foi bonito o passado.
é a noite, com o silêncio e a escuridão, que a face mais sinistra do lugar aparece.
sábado, 27 de abril de 2013
Hotel Bombay: Highway or Hemingway
Being on the sea, being near the sea,
Land and confusion is over there,
Behind the hill, behind the sand.
Stockholm, San Sebastian, San Pedro, Sevilla:
S-fact...
History is behind the Sea,
Horses and Heroes on the land,
H-fact...
Hotels, Cities, Negotiations...
Life: thousand and one lives;
non-fact.
Sailor in the Hotel,
Sailor on the Land,
A drop of Bombay Sapphire...
Best bargain:
The trap of Hospitality,
Welcome
to the Home.
No condition, no compromise.
Check the situation, get it.
I am talking to you,
in Bar Sevastopol
Instant Hostility
Star Rain;
More tone, more tonic...
no way, Norway.
Passangers on the threshold...
Why me?
What´s your story?
Back to bungalow, back to keyboards...
What´s the deal?
Hotel Holiday
A broken accord,
An enigmatic day-dreaming,
On the beach: Noise and Crime...
No fact, no alibi.
Waves...
Chasing Bach,
Tirana calling.
Life is Life,
An other ordinary summer,
A tree in the Pension
Monk Garden,
Like that.
Hotel Holiday.
Hüseyin B. Alptekin
terça-feira, 23 de abril de 2013
des mondes tombent dans un espace de lumière...

* Les Réceptacles. Gosto do texto, mas ainda estou em dúvida quanto ao vídeo.
Andarilho
segunda-feira, 22 de abril de 2013
entre sp-bh
domingo, 14 de abril de 2013
post-it
sobre o cheiro e o rastro da chuva
"- somente hoje, vou me apaixonar por você."
essa foi a fala do último encontro. fazia quatro meses que combinavam de se encontrarem sempre na mesma esquina, somente nos dias em que chovia na cidade S., próxima ao porto de C. começava o temporal e um certo sorriso hospedava-se no rosto dos dois.
todos os encontros eram sempre em locais diferentes. apesar de serem diferentes, viam no outro, com uma espécie de fascinação, a alteridade e o desejo.
mas aconteceu de ela dizer o seu nome, a mais ordinária das ações. e durante a noite, sussurrou quase como um segredo o quanto o amava. como se fosse possível controlar, o medo fez-se presente e dominou todo o quarteirão de um manto crescente de intimidade.
nunca mais choveu na cidade de S., próxima ao porto de C. e a aridez e a solidão começaram a crescer novamente entre os cidadãos. aos poucos, voltaram as rachaduras e do solo, apenas a lembrança e o cheiro da chuva.
entre espelhos
sábado, 6 de abril de 2013
adormecida na caverna da memória
quarta-feira, 3 de abril de 2013
farol
abril
sábado, 23 de março de 2013
o homem que era gentil apenas com um pássaro.
A casa das coisas que não se dizem
Não, não foi o tempo.
é que eu enxergo melhor na distância.
terça-feira, 19 de março de 2013
segunda-feira, 18 de março de 2013
sobre a pesquisa
quarta-feira, 13 de março de 2013
o Louvre e a passagem
terça-feira, 5 de março de 2013
segunda-feira, 4 de março de 2013
ele era um anão
sexta-feira, 1 de março de 2013
noturno
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Marina
e hoje assisti the artist is present, documentário produzido pela HBO a partir da exposição do MoMA. eu admiro Marina Abramovic, desde o primeiro contato que tive com sua obra na universidade. por isso não deixa de ser um pouco assustador o que a performance homônima torna quando o museu abre e as pessoas saem correndo, desesperadas. mas sempre acho que o seu manifesto inspirador.
Manifesto sobre a vida do artista. Marina Abramovic
1. a conduta de vida do artista:
- o artista nunca deve mentir a si próprio ou aos outros
- o artista não deve roubar idéias de outros artistas
- os artistas não devem comprometer seu próprio nome ou comprometer-se com o mercado de arte
- o artista não deve matar outros seres humanos
- os artistas não devem se transformar em ídolos
- os artistas não devem se transformar em ídolos
- os artistas não devem se transformar em ídolos
2. a relação entre o artista e sua vida amorosa:
- o artista deve evitar se apaixonar por outro artista
- o artista deve evitar se apaixonar por outro artista
- o artista deve evitar se apaixonar por outro artista
3. a relação entre o artista e o erotismo:
- o artista deve ter uma visão erótica do mundo
- o artista deve ter erotismo
- o artista deve ter erotismo
- o artista deve ter erotismo
4. a relação entre o artista e o sofrimento:
- o artista deve sofrer
- o sofrimento cria as melhores obras
- o sofrimento traz transformação
- o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito
- o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito
- o sofrimento leva o artista a transcender seu espírito
5. a relação entre o artista e a depressão:
- o artista nunca deve estar deprimido
- a depressão é uma doença e deve ser curada
- a depressão não é produtiva para os artistas
- a depressão não é produtiva para os artistas
- a depressão não é produtiva para os artistas
6. a relação entre o artista e o suicídio:
- o suicídio é um crime contra a vida
- o artista não deve cometer suicídio
- o artista não deve cometer suicídio
- o artista não deve cometer suicídio
7. a relação entre o artista e a inspiração:
- os artistas devem procurar a inspiração no seu âmago
- Quanto mais se aprofundarem em seu âmago, mais universais serão
- o artista é um universo
- o artista é um universo
- o artista é um universo
8. a relação entre o artista e o autocontrole:
- o artista não deve ter autocontrole em sua vida
- o artista deve ter autocontrole total com relação à sua obra
- o artista não deve ter autocontrole em sua vida
- o artista deve ter autocontrole total com relação à sua obra
9. a relação entre o artista e a transparência:
- o artista deve doar e receber ao mesmo tempo
- transparência significa receptividade
- transparência significa doar
- transparência significa receber
- transparência significa receptividade
- transparência significa doar
- transparência significa receber
- transparência significa receptividade
- transparência significa doar
- transparência significa receber
10. a relação entre o artista e os símbolos:
- o artista cria seus próprios símbolos
- os símbolos são a língua do artista
- e a língua tem que ser traduzida
- Às vezes, é difícil encontrar a chave
- Às vezes, é difícil encontrar a chave
- Às vezes, é difícil encontrar a chave
11. a relação entre o artista e o silêncio:
- o artista deve compreender o silêncio
- o artista deve criar um espaço para que o silêncio adentre sua obra
- o silêncio é como uma ilha no meio de um oceano turbulento
- o silêncio é como uma ilha no meio de um oceano turbulento
- o silêncio é como uma ilha no meio de um oceano turbulento
12. a relação entre o artista e a solidão:
- o artista deve reservar para si longos períodos de solidão
- a solidão é extremamente importante
- Longe de casa
- Longe do ateliê
- Longe da família
- Longe dos amigos
- o artista deve passar longos períodos de tempo perto de cachoeiras
- o artista deve passar longos períodos de tempo perto de vulcões em erupção
- o artista deve passar longos períodos de tempo olhando as corredeiras dos rios
- o artista deve passar longos períodos de tempo contemplando a linha do horizonte onde o oceano e o céu se encontram
- o artista deve passar longos períodos de tempo admirando as estrelas
no céu da noite
13. a conduta do artista com relação ao trabalho:
- o artista deve evitar ir para seu ateliê todos os dias
- o artista não deve considerar seu horário de trabalho como o de funcionário de um banco
- o artista deve explorar a vida, e trabalhar apenas quando uma idéia se revela no sonho, ou durante o dia, como uma visão que irrompe como uma surpresa
- o artista não deve se repetir
- o artista não deve produzir em demasia
- o artista deve evitar poluir sua própria arte
- o artista deve evitar poluir sua própria arte
- o artista deve evitar poluir sua própria arte
14. as posses do artista:
- os monges budistas entendem que o ideal na vida é possuir nove objetos:
1 roupão para o verão
1 roupão para o inverno
1 par de sapatos
1 pequena tigela para pedir alimentos
1 tela de proteção contra insetos
1 livro de orações
1 guarda-chuva
1 colchonete para dormir
1 par de óculos se necessário
- o artista deve tomar sua própria decisão sobre os objetos pessoais que deve ter
- o artista deve, cada vez mais, ter menos
- o artista deve, cada vez mais, ter menos
- o artista deve, cada vez mais, ter menos
15. a lista de amigos do artista:
- o artista deve ter amigos que elevem seu estado de espírito
- o artista deve ter amigos que elevem seu estado de espírito
- o artista deve ter amigos que elevem seu estado de espírito
16. os inimigos do artista:
- os inimigos são muito importantes
- o Dalai Lama afirmou que é fácil ter compaixão pelos amigos; porém, muito mais difícil é ter compaixão pelos inimigos
- o artista deve aprender a perdoar
- o artista deve aprender a perdoar
- o artista deve aprender a perdoar
17. a morte e seus diferentes contextos:
- o artista deve ter consciência de sua mortalidade
- Para o artista, como viver é tão importante quanto como morrer
- o artista deve encontrar nos símbolos da sua obra os sinais dos diferentes contextos da morte
- o artista deve morrer conscientemente e sem medo
- o artista deve morrer conscientemente e sem medo
- o artista deve morrer conscientemente e sem medo
18. o funeral e seus diferentes contextos: - o artista deve deixar instruções para seu próprio funeral, para que tudo seja feito segundo sua vontade - o funeral é a última obra de arte do artista antes de sua partida - o funeral é a última obra de arte do artista antes de sua partida - o funeral é a última obra de arte do artista antes de sua partida --
# para onde vai toda a cultura consumida? # ainda tentando achar um caminho para a produção
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Waltercio Caldas
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Manuscrito
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
verão
e fico gostando dele de longe.
Meu olho estacionado.
Vontade de lamber teu ombro.
Cansar a tua beleza
até que ela seja minha.
[Michel Klejnberg]
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Charis Wilson e Edward Weston
ontem assisti ao documentário O Nu Eloquente, de Ian McCluskey. quando fui dormir, não deixei de pensar que talvez esse fosse a primeira história de amor em que a mulher não saísse fragilizada de uma relação amorosa. (ainda nas lembranças de Camille?). de algum modo, a fala de Charis, quando foi buscar os livros na casa de Edward, já bastante debilitado, ecoaram pela noite: "sentia nojo, era ver um tubarão ao qual os dentes foram arrancados". o tempo, o Alzheimer. ela prosseguiu a vida, ele morreu só, com as lembranças da juventude.

reflexão #2
quando a força do olhar de uma musa foi substituída pelo dedinho na boca? pensando sobre a função do retratista, igualar-se a quem fotografa, extrema intimidade transparecida.